Situada junto ao rio Nam Song, entre deslumbrantes formações cársticas de pedra calcária, Vang Vieng provoca sentimentos mistos. É uma espécie de relação de amor e ódio, em que o que se ama ou odeia depende muito de quem é a pessoa. A principal atração da região sempre foi a paisagem dramática que rodeia Vang Vieng. Uma rede de túneis e cavernas inexploradas e falésias de calcário fazem deste lugar um verdadeiro paraíso para os espeleólogos.
Muitas das grutas têm nomes e desempenham papéis menores na mitologia local – todas são consideradas habitat de espíritos. Estas grutas e penhascos também ganharam fama entre os melhores escaladores da região. Já o rio Nam Song atrai tanto caiaqueiros como mochileiros que deslizam tranquilamente com câmaras de ar de tratores – um passatempo tão agradável e popular que se tornou um verdadeiro rito de passagem no circuito mochileiro da Indochina.
Outras atividades populares incluem rafting, caminhadas, passeios de bicicleta e mota. Ou pode simplesmente sentar-se à beira-rio e desfrutar do pôr do sol com uma paisagem de postal ilustrado. Se tiver sorte, verá milhares de morcegos a sair das grutas ao entardecer como uma mancha de tinta no céu.
E então, o que é que incomoda? A queixa mais comum é que, ao alcançar os seus objetivos como um destino famoso entre mochileiros, Vang Vieng perdeu a sua alma. Talvez não seja tão mau assim, mas o crescimento da cidade teve o seu preço. Inegavelmente, o perfil da cidade mudou – e aquela imagem de um pequeno povoado laosiano num cenário deslumbrante foi sendo substituída por casas de hóspedes de vários andares. Até o mercado local foi transferido para uma estrutura de betão sem alma a norte da cidade.
No entanto, se aceitar que a maioria dos visitantes vêm por causa da paisagem e de algumas das atividades, mesmo que não aprecie a arquitetura greco-laosiana das guesthouses, ou os bares com ecrãs de TV e os infames menus "felizes", talvez compreenda o fascínio.
Para alguns mochileiros, sentar-se em almofadas, a beber batidos misturados com marijuana, cogumelos, ópio ou mesmo yaba (metanfetamina) e repeti-lo com amigos infinitamente é o paraíso na terra. Para outros, é um pesadelo. Se está no segundo grupo, respire fundo — é bastante fácil fugir dessa cena e ficar um pouco mais afastado do centro.
Além disso, é evidente que os locais parecem ter aceitado a chegada dos “falang” (estrangeiros) sem perder o bom humor. E à medida que Vang Vieng continua a evoluir, também evoluem as opções de alojamento. Ainda existem muitas guesthouses económicas, perfeitas para dormir a ressaca das longas noites nos bares da ilha, mas agora também há opções mais confortáveis e luxuosas para quem procura mais tranquilidade.